Era uma vez um texano invocado chamado de Hobert E. Howard que adorava escrever histórias sobre uma era pré-histórica chamada de Era Hiboriana ou Hiperborea. A era do grande norte e de seus guerreiros bárbaros. Dentre suas criações estão o Rei Kull, o Bárbaro Conan da Ciméria e a Guerreira Red Sonja. Que protagonizou seu próprio filme trhash que merece este review machista!
Red Sonja - Guerreiros de Fogo (Red Sonja 1985)
Dirigido por Richard Fleischer
Escrito por Clive Exton e George MacDonald Fraser
Adoro explicar como filmes machistas tem sim lugar para as mulheres!
E se o resgate da donzela em perigo é um dos maiores exemplos de respeito a vida das mulheres.
Outro exemplo machista de respeito as mulheres é o fato de que elas também são aceitas como heroínas fodonas! Em nossa mitologia, religião, literatura, teatro e em filmes como Red Sonja!
Red Sonia foi criada no conto original The Shadow of the Vulture (A Sombra do Abutre) em 1934. Porém, vale dar o devido crédito a Roy Thomas por ter reutilizado a personagem obscura e a popularizado. Sem falar em mudar seu nome para Sonja.
Sua origem vem de um dos piores crimes que pode acontecer com qualquer pessoa; Sonja teve toda a sua família morta, sofreu o estupro e foi deixada para morrer. Foi nesta noite de sofrimento que a Deusa Scáthach veio até ela e lhe incumbiu de lhe transformar em uma feroz guerreira para vingar a tragédia. Desde que tenha o voto de nunca se entregar a nenhum homem, apenas se este guerreiro a vencer em combate. Vale lembrar que a Deusa Scáthach é uma divindade da mitologia irlandesa do Circulo de Ulster, a deusa guerreira escocesa que treinou o guerreiro Cú Chulainn. Só pra explicar que a deusa faz parte de uma mitologia real.
O começo do filme é uma recriação muito simples da origem de Red Sonja, porém inserindo a vilã do filme: A Rainha Gedren! Que queria possuir Red Sonja como escrava sexual, porém, Sonja se nega. A rainha então se vinga matando sua família e ordenando que seus capangas pratiquem a violência sexual contra ela.
O filme começa mesmo é mostrando um templo cheio de sacerdotisas que buscam a destruição de um Talismã de poder tão grande que elas temem que o mesmo possa destruir a terra. Elas pretendem então soterrar o talismã para então barrar o seu poder que cresce ao absorver luz.
O problema é que elas são atacadas pelas forças da Rainha Gedren (Sandahl Bergman, maléfica e maravilhosa com seu olhar psicopata que arrancou meu coração). A cena mostra as sacerdotisas lutando ferozmente contra as forças de Gedren, porém elas são derrotadas e executadas de forma cruel sendo jogadas no mesmo fosso onde pretendiam enterrar o talismã. Temos inclusive uma cena que mostra a crueldade da Rainha Gedren e o poder do Talismã quando ela manda seu soldado mais inútil tocar o talismã. O soldado toca o talismã e é obliterado pelo poder do mesmo. Gedren não perde tempo e logo manda que a sua escrava sexual (Lara Lamberti) faça o mesmo, a menina toca o talismã e sobrevive confirmando a lenda de que só as mulheres podem tocar o talismã.
A única a sair viva de todo esse massacre é a sacerdotisa Varna (Janet Agren) que é a única irmã de Red Sonja. Porém em sua fuga, é alvejada com uma flecha pelas costas. E é nessa hora que Arnold Schwarzenegger aparece para socorre-la. Os bandidos os alcançam e acabam provando do bom e velho machismo enquanto Schwarzenegger estripa a todos para salvar Varna!
No filme, Schwarzenegger faz o papel de Kalibar, já que a produção resolveu não usar o nome Conan por acreditar que o filme seria menor. E que também seria uma merda.
Mas se parar pra pensar; Faria muito sentido Conan assumir outra identidade em uma aventura curta em troca de uma boa recompensa do Verdadeiro Lord Kalibar!
De qualquer modo, Conan Kalibar é incumbido por Varna em seu leito de morte a buscar a sua única irmã viva, Red Sonja.
Aqui, Red Sonja é reapresentada ao publico como a guerreira completando o seu treinamento e se tornando agora mestra. Com direito a escolher a sua própria espada!
O que chama a atenção também é que Red Sonja não permite que nenhum homem chegue perto demais dela. O que a leva a uma conversa com o seu grande mestre (interpretado por Tad Horino).
O qual chama a atenção dela para o fato de que ela não deve odiar todos os homens mesmo ela tendo péssimas experiências com alguns no passado.
Mas o filme não se demora e Conan Kalibar chega ao templo onde Red Sonja treina para avisar que sua irmã está morrendo e que precisa falar com ela. Os dois partem para encontrar Varna em seu leito de morte e ela avisa sobre o talismã. Red Sonja então reconhece o nome de Gedren e parte em busca de destruir o talismã e se vingar de Gedren. Mas não sem antes avisar a Conan Kalibar que ela vai sozinha e que não precisa da ajuda dele...
O Pentelho Príncipe
Somos apresentados então ao príncipe Tarn e seu fiel servo Falkon. Interpretados por Ernie Reyes Jr.(Surf Ninjas, O Pequeno Mestre e As Tartarugas Ninjas 2 - O segredo do Ooze) e Paul L. Smith (O Expresso da Meia Noite, Maverick e Duna. Falecido em 2012).
O Príncipe Tarn é um pentelho de marca maior! Ele é mimado, prepotente, arrogante e irresponsável! Enquanto que Falkon, que deveria ser o gordo alivio cômico, é o completo oposto disso! Apesar de atrapalhado, é um guerreiro gentil, educado e responsável.
Eventualmente o filme irá focar na jornada do pequeno príncipe Tarn em aprender lições sobre coragem, humildade e responsabilidade. Parece clichê, mas justamente porque aprender estas lições são temas recorrentes nos valores machistas.
Red Sonja encontra estes dois nos escombros da cidade de Hablock. Depois da Rainha Gedren destruir toda a cidade usando o Talismã em uma cena que nunca vamos ver por causa do baixo orçamento do filme! E mesmo assim o arrogante príncipe ainda quer montar um exercito novo para enfrentar a Rainha. O príncipe até convida Red Sonja para seu exercito...
- Vamos precisar de uma cozinheira.
Red Sonja então só tem algo a dizer ao servo Falkon:
- Dê umas boas palmadas nesse pentelho!
O bom e velho Machismo
Red Sonja decide pegar caminho pelo atalho de Brytag, o problema é que Brytag é um bandido sanguinolento que cobra pedágios para quem quiser passar por seu atalho (interpretado por Pat Roach, lutador de luta-livre que participou da trilogia original de Indiana Jones). E como respeito as mulheres é algo que passa longe da cabeça de qualquer bandido, Brytag resolve que quer sexo com a nossa heroína fodona... ...Um erro!
A Luta entre Brytag e Sonja é até bem coreografada se levarmos em consideração que Brigitte Nielsen não é nem atriz e muito menos lutadora. Tudo bem que teve uma dublê, mas mesmo assim são boas lutas. Esqueci de mencionar alguma coisa? Oh, sim; Brytag é morto de forma bem violenta!
O que? Vocês acham que eu estou ligando o machismo ao Brytag e seus bandidos que cercaram Red Sonja? Que nada, estou falando de Conan Kalibar entrar em cena e começar a matar geral para salvar Red Sonja dos bandidos. Chegando ao cumulo de mandar Sonja fugir pelos portões para que ele fique e se sacrifique por ela... ...Ou seja: Enfrentar sozinho todos os bandidos e matar um monte deles...
A partir deste momento, vamos ter alguns bons momentos onde Red Sonja vai se meter em perigo e Conan Kalibar vai entrar em cena para ajudar. Mas não salvando a Sonja como se ela fosse uma donzela em perigo, mas sim como um companheiro guerreiro!
Uma lição de humildade
Após fugir do bando de Brytag, Sonja acaba encontrando de novo com o pentelho do príncipe Tarn. Só que desta vez sendo torturado por bandidos em troca do dinheiro que não tem. Nesta hora Sonja e Falcon se unem para salvar o príncipe e matar os bandidos. Vale lembrar que o pentelho também tem seu ponto alto na luta aplicando potentes chutes em um bandido!
Estes acontecimentos são o começo da jornada do jovem príncipe em entender suas limitações e sobre como precisa da ajuda daqueles que o cercam. A lição também vem a noite quando Sonja decide dar uma lição melhor de humildade no príncipe. Mas sem machuca-lo, apenas mostrando o quão limitado ele é e que ela poderia ensina-lo a ser um guerreiro. O príncipe então começa a reconhecer seus defeitos e pede por favor que ela o ensine. Um caminho de humildade se abre no futuro do príncipe e ele finalmente revela a sua admiração por Sonja:
- Quando eu tiver meu reino de volta, vou fazer de você a minha Rainha!
hahaha
Eles se unem pelo objetivo de enfrentar a Rainha Gedren em seu castelo de Berkubane. Onde a Rainha Gedren ordena que seu mago use a sua feitiçaria para tirar do canal das dançarinas de topless (o cana favorito da rainha!) e mostrar quem se aproxima de seu castelo. A Rainha imediatamente reconhece Sonja, planeja então que seu grupo seja morto e ela finalmente se torne sua nova escrava sexual! Invocando o poder da tempestade!
A tempestade começa a inundar o vale, o Principe Tarn e Falkon partem para procurar abrigo quando descobrem um fosso com uma enorme pérola grudada em uma estátua. O príncipe decide tirar a pérola e então ativa uma armadilha! A Maquina de Matar de Icthya! Um monstro animatrônico feito de metal que pretende matar todos em seu fosso cheio de água! Seria tosco se o bicho feito de borracha á mais de trinta anos não fosse mais realista do que muito monstro feito de CGI hoje!
É nesta hora de desespero que Conan Kalibar entra em cena e junto com Sonja, decidem cegar a maquina e fugir daquele lugar resgatando Falkon e Tarn!
Com o grupo completo para enfrentar a Rainha, temos um momento onde Sonja e Conan Kalibar conversam sobre suas motivações após Sonja colocar com muito cuidado um curativo no peitoral de Kalibar. O sorriso na cara de Schwarzenegger é impagável nessa hora! Vale a pena ver o filme agora só por essa parte!
Conan afirma ser o Lord Kalibar que já sabia tudo sobre o Talismã e que só tem ajudado Sonja pelo objetivo comum de destrui-lo. Sonja se revela aliviada pois, pensava que ele só fazia aquilo por outros motivos.
- Mas eu tenho outros motivos! - Afirma Conan enquanto a puxa para um beijo gostoso!
- Oh, seu machista, você quer me comer gostoso! - Afirma Sonja interrompendo o beijo.
Neste momento Sonja revela o seu juramento de nunca se entregar a nenhum homem a não ser que ele a vença em uma batalha. O que Convence Kalibar a ter que puxar a sua espada e convidar Sonja para uma das cenas mais bonitas do filme. Com todo um contexto romântico com pitadas de humor e a bela melodia de Ennio Morricone!
O confronto
O confronto com a Rainha Gedren toca em assuntos que todos nós precisamos conversar. São temas que estão na nossa cara, mas que não percebemos mais porque ficamos muito burros com a educação do Paulo Freire e com o politicamente correto. O filme não explica porque foi feito numa época onde não precisava explicar! Mas eu vou explicar...
Em filmes assim, os heróis e heroínas acabam entendendo que vingança não é tudo e que também existe toda uma noção de responsabilidade. As vezes até mesmo poupam ou perdoam os vilões em nome da responsabilidade.
A luta entre Red Sonja e a Rainha Gedren chama a atenção por dois motivos bem distintos. O fato dos defeitos especiais serem toscos pra caralho, mas divertidos e o fato da luta transmitir todo um sentimento de que as duas atrizes realmente se odeiam. Sonja não só luta até a morte com Gedren como no final ainda destrói o talismã!
O pentelho príncipe finalmente entendeu sua lição de moral no final. Quando forçado a matar para sobreviver, entendeu o medo da morte, entendeu um pouco da dor, entendeu a humilhação de levar um chute na bunda e finalmente o fato da morte ser algo horrível.
Mas o melhor de tudo foi que no final ele entendeu o significado de se sacrificar pelos amigos aceitando uma morte certa para ajuda-los...
...Esta foi a sua lição de humildade, coragem e responsabilidade.
Red Sonja também aprendeu uma importante lição sobre não julgar todos os homens pelos erros de alguns. Mesmo ela começando o filme sentindo ódio de todos eles, ainda assim se cercou de três grandes homens que a ajudaram quando precisou.
Não tem mensagem mais Antifeminista do que uma heroína fodona reconhecendo que não pode julgar todos os homens!
Red Sonja ainda é um bom filme para se assistir. Muitas partes ficaram engraçadas por causa dos efeitos mal feitos e a "atuação" de Brigitte Nielsen lhe rendeu um premio de pior atriz. Mas mesmo assim este filme tem o seu lugar no meu coraçãozinho machista e reacionário...
Por Marcio Strzalkowski
Força e Honra
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