Napoleão (2023)
Dirigido por Ridley Scott
Escrito por David Scarpa
Abrace o bom senso
Napoleão foi um tirano! Ele não foi herói, Napoleão foi o vilão de sua própria história.
Ele tomou o poder pelas mentiras, pela violência e invadiu diversos países por sua própria ambição. Em seus pecados estão verdadeiros massacres e injustiças.
Napoleão não é um exemplo a ser seguido.
França 1793
Todos os princípios iluministas e liberais foram pervertidos em nome de uma revolução sangrenta. A Revolução Francesa contra a monarquia. O filme mostra Maria Antonieta sendo decapitada pelo povo que ela ignorou.
O tempo mostrou que toda a Revolução Francesa foi errada. A Revolução se tornou o Reino do Terror, a fome e a pobreza foram constantes e a perseguição aos monarquistas foi tão irracional que no final os revolucionários estavam caçando a si mesmos.
Tiraram um Rei Tirano para colocar outro Rei Tirano.
Mas como isto aconteceu?
A Revolução Francesa
Antes de mais nada, eu amo o trabalho de Ridley Scott, diretor de grandes clássicos do cinema. Mas eu devendo até a morte que Ridley Scott mereça uma voadora na cara em toda vez que mentir em seus filmes que retratam fatos históricos.
E para falar mal, antes temos que elogiar onde ele está certo. A reconstrução da Revolução e a prisão de Maximilien de Robespierre, revolucionário e líder que ordenou a maioria das mortes na Guilhotina, foi um trabalho memorável. Depois de muitas mortes, Robespierre foi acusado pelos próprios revolucionários de ter se tornado o Juiz, o Juri e o Executor da França.
Robespierre então utilizou uma arma fajuta chamada de garrucha. A garrucha é uma arma tão inútil que ele nem mesmo conseguiu atirar para se defender da multidão, levando Robespierre a tentar se matar com a arma, que estourou sua mandíbula. O Líder Revolucionário foi então levado para a guilhotina com ataduras improvisadas.
Napoleão – O Herói
O contexto onde Napoleão ganhou a alcunha de herói nacional foi quando Ingleses, Espanhóis e Monarquistas fecharam o mar. Aqui, é importante explicar o trabalho do diretor Ridley Scott. O diretor não é bom em dramas sem alma ou propósito. Fato.
Porém, na reconstrução de um Napoleão no Cerco de Toulon de 1793. O Diretor fez o que de melhor sabe fazer, reconstruir batalhas antigas com precisão cirúrgica! E com o Ator Joaquim Phoenix atuando muito bem.
Napoleão pegou um exercito de homens despreparados com diversos canhões sucateados. Ele teve que reforjar tanto homens quanto armas e canhões. Sua estratégia era arriscada, invadir o forte que ficava em terra francesa, derrotar todos e então utilizar os próprios canhões capturados para atirar nos navios ingleses e espanhóis, as duas maiores forças marítimas de sua época!
O contexto de reconstruir os fatos históricos de antes da batalha para mostrar tensão e expectativa são obras de um dos melhores diretores do mundo.
Em uma cena chave, o cavalo branco de Napoleão tem seu peito estourado por uma bala de canhão. Obra de um diretor que soube utilizar a cena de extrema violência para então mostrar Napoleão puxando sua espada e entrando na batalha junto com seus homens.
Na vitória, Napoleão se tornou o herói da França.
Na cena de batalha seguinte, o povo vai até a sede do poder clamar por justiça e por um governo que olhe pelos pobres. Napoleão virou seus canhões contra o povo e promoveu uma carnificina!
Abrace o bom senso e entenda que Napoleão matou pessoas inocentes em seu caminho ao poder.
Napoleão era corno
O filme mostra Napoleão e suas tropas no Egito com um discurso sobre libertar o pais junto a outros. Sendo a Liberdade um conceito presente na bandeira que Napoleão jurou defender. As tropas de Napoleão estão posicionadas contra os egípcios com as pirâmides atrás.
E em uma cena épica, podemos ver os canhões atingindo tanto tropas quanto as próprias pirâmides. Vitorioso, temos uma bela cena de Napoleão encontrando a tumba de um Imperador do Egito e quase vendo seu reflexo.
Mas nada disso importa. Napoleão era corno.
O filme leva longos e tediosos minutos mostrando Napoleão abandonando tudo para voltar a França. A cena mostra perfeitamente a falta de caráter de Napoleão. Que abandonou o discurso sobre liberdade, abandonou a vida de suas tropas e suas conquistas no campo de batalha. Tudo o que Napoleão jurou defender eram mentiras!
Aceitando continuar casado com Josefina, abandonou o amor próprio!
O Massacre de Jaffa
Jaffa, costa da Palestina. Cercada por Napoleão em 3 de Março de 1799.
Foi bombardeada com canhões até seus muros serem penetrados e os soldados franceses entrarem. Lá dentro, a batalha foi para cima da população civil com mortes estimadas em 1500 pessoas.
Em 6 de Março, três mil soldados otomanos se renderam no centro da cidade.
Napoleão reconheceu na hora que todos aqueles prisioneiros já teriam sido capturados por ele antes! Eles teriam jurado nunca mais levantar suas armas contra Napoleão.
Em 10 de Março, Napoleão decidiu fuzilar todos aqueles homens!
Entre 800 e 1200 homens fuzilados. O filme não mostra este evento.
O Golpe
Na França, Napoleão decide dar um golpe de Estado. E é de suma importância comparar o que é um verdadeiro golpe de Estado com os atos ocorridos na Invasão do Capitólio dos Estados Unidos em 6 de Janeiro de 2021 e A Invasão dos Três Poderes no Brasil em 8 de Janeiro de 2022. Em ambas as situações nos Estados Unidos e no Brasil, houveram claras provas de fraudes nas eleições e o povo invadiu as capitais dos poderes para confrontar os poderosos.
Napoleão chegou ao poder por um golpe de verdade!
Ele armou para que seus opositores na politica fossem todos presos, organizou para que todos os políticos fossem reunidos de forma clandestina longe de Paris e cercados de guardas leais a ele! Quando confrontado, partiu para a violência e saiu no soco com os políticos que se negavam a apoiar o golpe! Foi expulso na porrada!
E então, pelas suas mentiras, convenceu seu exercito a entrar em ação com mosquetes apontados para todos os políticos! Isso é um golpe de verdade, houveram as mentiras, a violência e as prisões de opositores!
Napoleão e Josefina
O filme tem um problema grave! O romance entre Napoleão e sua esposa infiel é algo longo e arrastado. Mostrando o quanto que Napoleão se dedicou mais ao seu relacionamento horrível do que com suas conquistas. Mas Napoleão realmente se dedicou a sua esposa, Vanessa Kirby interpreta muito bem a Josefina, que era uma mulher infiel conhecida pelo temperamento. Logo, não existe diretor neste mundo que consiga fazer o relacionamento dos dois dar certo.
Desde o casamento, as traições, o divórcio e o exilio. O fato de Josefina ser estéril também não ajudou muito.
As cenas de romance são chatas e as cenas de sexo chegam a dar nojo. Reflexo do relacionamento de Napoleão com Josefina.
Passou por média
Ao contrário das criticas, o filme está na média de uma boa adaptação de biografia. Onde o erro do filme é o mesmo erro de diversos outros filmes que simplesmente não souberam adaptar o formato de documentário para os cinemas. Sendo o formato de documentário utilizando narração, entrevistas, imagens de museu e até fontes históricas para se estudar.
Minha critica realmente vai ficar por aqui para deixar todos os meus 5 leitores com vontade de ver o filme. Mas já adianto em explicar que Ridley Scott reservou surpresas agradáveis na reconstrução de diversas batalhas de Napoleão.
Por Marcio Strzalkowski
Força e Honra!
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