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Foto do escritorMarcio strzalkowski

Duro de Matar

No conservadorismo existe o conceito de que a humanidade não é formada apenas pelas pessoas vivas, mas também pelas mortas em uma noção de que a humanidade também é formada pela história em seus erros e maravilhas.

E assim como a história forma a humanidade, também existe o conceito de que certo e errado são concretos e imutáveis. Que prevaleceriam concretos e imutáveis mesmo que civilizações inteiras vivessem e morressem erradas. A inversão de valores sempre leva a ruina. E nada como um lindo filme de Natal para nos fazer lembrar de valores. Valores conservadores e machistas sobre o ideal heroico e romântico do ser humano.


Duro de Matar (Die Hard 1988)

Dirigido por John McTiernan

Escrito por Steven E. de Souza e Jeb Stuat.

Baseado no livro Nothing Lasts Forever de Roderick Thorp


Um filme natalino

O filme mostra a fabula de Natal de John McLane, vivido pelo ator Bruce Willis que até então era conhecido apenas por papeis em comédias, John McLane vive um momento difícil a beira do divorcio quando sua mulher o convida para a véspera de Natal no prédio Nakatomi Plaza. Tudo muda quando John testemunha terroristas violentos invadindo o prédio. Eles fazem reféns, ameaçam as pessoas e pretendem roubar o lugar. E quando o presidente da empresa, Senhor Takashi, se nega a dar os códigos para entregar o dinheiro, é prontamente morto. São mais de 30 reféns e os terroristas pretendem explodir o prédio com os reféns antes de fugir. E a única esperança é o próprio John McLane.


Coragem

Ao contrario dos filmes brucutus dos anos 80 com caras musculosos quase invencíveis como o Stallone e o Arnoldão, John é apenas um policial comum. De fato, John literalmente começa o filme de pés descalços e com muito medo de morrer. John não é invencível, é até inseguro e o filme todo é um jogo de gato e rato com John se escondendo para não morrer. E o fato de John enfrentar os terroristas mesmo assim é o exemplo do valor de coragem, a superação do medo. A motivação de John McLane é o bem estar das pessoas assim como de sua própria mulher entre os reféns.


Resiliência

Resiliência é o fato do ser humano resistir a todas as dificuldades e provações por aquilo que acredita. John Mclane passa o filme todo se fudendo, se ferindo mais e mais a cada confronto com os terroristas. John Mclane foi pego desprevenido no começo do filme sem os sapatos e passa o filme todo passando perrengue correndo por cima de cacos de vidro deixados nos tiroteios. Existe até um momento do filme onde John McLane realmente acha que vai morrer de tanta dor, mas isso não o impede de fazer o que é certo.


Valores familiares e o respeito a mulher

O Ideal machista heroico e romântico construído desde a pré história é o comportamento do homem responsável pelo bem estar da família. Isso é fato histórico muito bem representado nas mais diversas obras que construíram as mais diversas culturas. Valores familiares significam o respeito para com as mulheres. E no filme, a principal motivação de John McLane é a sua esposa Holly McLane que está nas mãos dos terroristas. Holly é vivida pela atriz Bonnie Bedelia e a personagem não é só pra ser bonitinha. Holly é uma personagem braba que se torna responsável pelo bem estar dos reféns. Holly usa a inteligência para conversar com os terroristas e consegue até ofender o chefe deles sem ser morta. Holly se apresenta inclusive com o nome de solteira sabendo exatamente que é o seu marido John que está enfrentando sozinho os terroristas. E proteger ou salvar a mulher amada em qualquer obra é exatamente a representação do ideal machista heroico e romântico.


Em um momento de clareza, John assume seus erros com sua esposa onde deveria ficar feliz por ela ser bem sucedida e ganhar mais do que ele. Um pedido de desculpas sincero e profundo.


A amizade

Durante o filme, John McLane só te acesso a um HT radio Walkie Talkie e muito dos dialogos do file são feitos através do mesmo. John acaba por conversar tanto com o lider dos terroristas quanto com o Sargento Al Powel que se torna o único amigo com quem John pode contar. Powel é um policial de rua com quem John McLane se identifica e ajuda a chamar os reforços para a situação. Al também tem a sua própria história sobre aprender a superar um erro do passado, quando atirou em uma criança por engano que carregava uma arma de brinquedo. A amizade de John McLane com Al Powel é crucial quando nem o próprio Departamento de Policia acredita em John.


Os Terroristas

O filme é um clássico natalino justamente por ser antes de tudo um drama policial com personagens bem desenvolvidos e que reagem com medo e espanto perante a situação. E mesmo as explosões mais absurdas ainda ocorrem por motivos concretos e plausíveis.


Dito isso, as maiores criticas do filme são sem duvida sobre as motivações dos terroristas. O querido ator Alan Rickman, falecido recentemente, interpreta aqui o lider terrorista Hans Gruber. E muitos críticos não entendem se o grupo é composto por verdadeiros terroristas ou apenas assaltantes que pretendem roubar 640 Milhões de Dólares. Parece que esses críticos nunca ouviram falar de verdadeiros terroristas que roubam bancos para financiar a compra de armas e equipamentos. Os críticos também ignoram o fato dos terroristas terem assassinado pessoas a sangue frio e que o plano deles é explodir todos os reféns com explosivos C4 para fingir suas próprias mortes.


Sem Spoilers, vão assistir o filme.

Se a série de filmes Duro de Matar se tornou uma boa franquia de filmes de ação, vale lembrar que o primeiro filme é um verdadeiro clássico de Natal cheio de bons valores e que merece ser assistido e explicado para as novas gerações sempre que possível. Foi o filme que transformou Bruce Willis de comediante em um astro de ação e isso só custou a audição de um ouvido, que Willis perdeu a fazer uma cena de tiroteio sem o protetor. Outra curiosidade é que o Nakatomi Plaza realmente existe e é a sede da Fox em Los Angeles. Um filme altamente recomendado!


Por Marcio Strzalkowski

Força e Honra!


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