“Todo homem morre, mas nem todo homem vive.”
William Wallace
Filmes que falam sobre momentos históricos nunca deveriam se distanciar do objetivo de mostrar a história do jeito que ela realmente aconteceu. E embora sejam encarados como uma mídia completamente diferente, filmes históricos e documentários deveriam ter o mesmo objetivo.
Educar e entreter não são objetivos contrários e temos grandes exemplos disso em produções que abordam a história de uma maneira realista e satisfatória.
Coração Valente (Braveheart)
Dirigido por Mel Gibson em 1995.
O filme conta a história e a luta de William Wallace. Líder Escocês do Século XIII que liberou um movimento pela soberania da Escócia.
Porém, William Wallace foi traído pelos nobres escoceses, incluindo Robert - The Bruce, que viria a se tornar o Rei Escocês.
O que falar sobre este filme?
Ao se falar sobre William Wallace, descobrimos que sua história foi primeiramente narrada por Harry - O Cego em um poema épico. Wallace foi definitivamente um herói entre os escoceses e sua luta e vitórias deram a luz ao Estado Escocês.
Mas como eu não vou obrigar vocês a estudarem mais história, vou falar só sobre o filme.
O filme já começa com um jovem William tendo o seu encontro muito cedo com a crueldade do mundo. Personificada pela traição e covardia de um Rei; O qual convocou todos os nobres escoceses que não concordavam com seu reinado sobre a Escócia. E assim que os nobres chegaram, foram mortos impiedosamente. William presenciou o que sobrou dos mortos. Incluindo um amigo muito querido...
O mundo é uma merda e pessoas fazem coisas horríveis o tempo todo. Por motivos simples como ganancia, luxuria e até inveja...
William então deve fugir. Deve ser criado por um tio longe de seu lar. Deve estudar e aprender. Pois na vida, é importante aprender que existem momentos para se recuar...
O momento da volta para casa de William é marcado por alegrias e tristezas. Reencontrar antigas amizades que nunca morrem. Fazer outras amizades e até mesmo encontrar o amor. Pois um homem dificilmente se sentirá completo sem amizade e amor.
Mas tem um momento de tristeza quando descobre que o Rei estipulou que todos os recém casados escoceses deveriam ceder as esposas na primeira noite para os nobres ingleses. A Prima Nocte!
Uma lição triste sobre como pessoas ruins podem ser ainda piores com o tempo.
O romance entre William e Murron é uma representação bonita e fiel da importância do amor e do carinho na vida de qualquer pessoa. A importância de Murron na formação do caráter de William Wallace e explica muito de sua força e motivação futura. Filmes machistas também tem espaço para a importância do papel das mulheres e do amor na vida de qualquer homem. Isso é um fato de pode ser visto tanto neste filme quanto em outros...
William então precisa se casar em absoluto segredo para evitar que algum nobre inglês estupre a sua amada Murron. Porém, logo os ingleses descobrem o matrimônio e resolvem estupra-la mesmo assim. William precisa lutar para se defender e defender a mulher amada. Mas ele acaba tendo que fugir e deixa-la. Sua amada Murron acaba sendo degolada em praça publica...
Na vida, é importante aprender que existem momento em que devemos recuar e fugir. E existem momentos onde recuar é só para tomar mais impulso!
William volta então com reforços para matar todos os ingleses que ver pela frente...
Uma importante lição sobre aprendermos que chega um momento onde devemos destruir nossos medos ou deixar que eles nos destruam. Aprender a lutar pelo que vale a pena.
William simplesmente juntou uma caralhada de escoceses que estavam bolados por causa dos ingleses e botou pra fuder! Só isso? Não, ele fez mais do que isso.
A partir deste momento, o filme fala exatamente sobre amizade. Sobre a união fazer a força e sobre como construir admiração e confiança uns nos outros! Principalmente na relação de pai e filho entre Campbell e Hamish. Enquanto Hamish era um formidável guerreiro e companheiro de William, ele tinha uma relação de pura admiração por seu pai Campbell, que participava furiosamente das batalhas!
Vale uma nota especial. Campbell era pai e companheiro de seu filho. Homem forte que o educou, o amou e que tinha orgulho do homem que ele se tornou! E mesmo no momento da morte lembrou ao filho o que sentia. A relação dos dois é a mensagem mais machista possível de como um homem DEVE SER! Pode não ser perfeita, mas filho nenhum a trocaria por nada...
William Wallace faz sua primeira grande vitória na batalha de Stirling. Não apenas vencendo os ingleses, mas vencendo através da união de Clans Escoceses rivais e até mesmo contra a falta de motivação dos escoceses em lutar para morrer por seus nobres!
Uma das batalhas mais épicas já feitas!
E então o filme mostra outro protagonista. Robert de Bruce, que quase passa despercebido para quem assiste o filme pela primeira vez. Robert é a figura política mais importante para a Escócia na época.
Mas sabem quem é Robert de Bruce na verdade? Robert de Bruce é você! Sim, este personagem quase obscuro é você, que está lendo este texto agora e está admirado pelas façanhas de William Wallace! Robert vê uma coragem que nunca viu antes em sua vida acompanhada de nobres. William Wallace é um guerreiro de verdade em comparação com todos a volta de Robert de Bruce. E não venha me dizer que você não pode ser comparado com um personagem quase espectador só por você ser diferente dele. Mesmo que você seja mulher ou gay, afinal, isso não importa. Você é uma pessoa falha que não acredita que algum dia seja tão admirada como William Wallace e é isso que faz com que todos nós sejamos como Robert de Bruce... Somos mais capazes de admirar outra pessoa do que reconhecer que somos pessoas capazes. E Robert presencia sempre em primeira mão as traições, as maracutaias e camangas montadas contra William Wallace. De fato, ele é forçado a trair a pessoa que mais admira no mundo. Coisa que todos nós podemos ser forçados a fazer. Seja por obrigação ou seja interesses próprios. Ninguém aqui é perfeito e o caminho que Robert de Bruce precisa trilhar por si próprio é o Caminho de Definir Prioridades. William Wallace trilha um caminho onde sabe o que é importante. Um ideal que vale a pena lutar e morrer. Robert de Bruce ainda não entende isso e por isso sofrerá com as decisões erradas que tomará. William Wallace se vê praticamente sozinho. Aprendendo que os inimigos a frente são tão traiçoeiros quanto aqueles que se fazem de amigos para apunhalar as nossas costas. Uma lição de vida que faz com que William comece a matar os nobres traidores. E por fim, William aceita um encontro com os nobres que restaram para renegociar a união entre os nobres. Selada por Robert de Bruce. Mas no encontro William é traído pela ultima vez e levado para Londres. Mas não foi traído por Robert, mas sim pelo pai de Robert e todos os outros nobres. Uma dura lição sobre se afastar das amizades malignas, mesmo dentro da família. Afinal, definir prioridades é definir quem são as pessoas que devem te acompanhar na vida... William Wallace é levado para a Inglaterra, onde decidem purifica-lo pela dor. William enfrenta a morte pela ultima vez. Como todos nós vamos enfrentar um dia. Ele é torturado, castrado em praça publica, humilhado e ameaçado. Olha para o lado e percebe seus dois amigos prontos para matar e morrer ao seu lado. A verdadeira amizade. William pede que não façam nada. E em seus momentos finais, William enxerga ninguém menos que sua falecida mulher Murron que veio ao seu encontro como o verdadeiro anjo da morte. William sorri para a visão dela e declara a sua última palavra vivo: Liberdade! E então chego ao final deste artigo onde conversei sobre este filme. Deixei muita coisa de fora,pois, só foquei no que poderia tirar de boas lições para vocês... Assistam o filme de novo depois de pensarem um pouco sobre o que acabaram de ler. Vale muito a pena... E Robert de Bruce? Bem, no final ele entendeu a lição... Ficou conhecido como Coração Valente por ter pedido em seu leito de morte para que arrancassem seu coração do peito após a morte para que o exercito o levasse pelas batalhas contra a Inglaterra.
Por Marcio Strzalkowski
Força e Honra!
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