Filme espetacular que por bons anos era mostrado em nossas escolas e faculdades. Praticamente um documentário sem narrador em um formato que permite a qualquer professor de história se deliciar explicando tudo!
Mas o filme também mostra um fator importante da natureza do ser humano: O Machismo.
A Guerra do Fogo
La Guerre du feu - 1981
Dirigido por Jean-Jacques Annaud
Escrito por Gérard Brach, Baseado em La Guerre du feu de J.-H. Rosny aîné
A Natureza Machista
Um dos primeiros animais a aparecer no filme são belos lobos europeus de 80.000 anos atrás. O lobo possui um comportamento machista onde o macho alpha, o patriarca da alcatéia, comanda e possui liderança para que ele e seus filhos mais fortes façam forte proteção para com femeas e filhotes.
A natureza machista e patriarcal do lobo protege! Os machos mais fortes dão segurança para as lobas e seus filhotes! O machismo do lobo é a sobrevivência da alcateia, do núcleo familiar!
Essa é uma verdade que os frescos e as feministas negam!
E depois de explicar o machismo dos lobos, vamos aos personagens principais do filme.
Homens das Cavernas
Somos apresentados a uma tribo de 80.000 anos atrás formadas por homens de Neandertal. O Homem de Neandertal é conhecido como o Wolverine da pré história, são normalmente mais baixos, possuem testas protuberantes e seus registros fósseis mostram que era muito comum terem ossos quebrados durante a vida difícil.
No filme, o primeiro a ser mostrado é interpretado pelo ator Ron Pealman, legitimo elo perdido que apenas precisou de um dia sem banho e sem café para ficar ideal para o papel.
Seu papel na tribo é de guerreiro e guardião afastando os lobos com a maior tecnologia que conhecia, o fogo!
A tribo toda vive em sua caverna e dependem do fogo para a sobrevivência. Seja para se aquecerem, seja para afastar os predadores ou seja para simplesmente comer! O Estomago humano se adaptou a comer todo o tipo de carne assada pois isso elimina todo o tipo de bactéria e micro-organismo contido nas carnes!
O fogo é a encarnação de sobrevivência!
O Ataque dos Australopitecos!
O filme apresenta um fato interessante sobre diferentes tipos de hominídeos terem se encontrado durante a pré-história. E se encontrar significa exatamente que houveram guerras e alianças. Mas aqui, a tribo Neandertal é encontrada por homens mais antigos cuja aparência bestial os faz parecer macacos.
Vale lembrar, para estudiosos, o homem das cavernas nunca foi descrito como sendo menos inteligente do que somos hoje. E os invasores fazem exatamente táticas de guerra que conheciam como planejar o ataque, desmoronar as pedras de cima da caverna dos neandertais e usar armas como clavas, pedras e até lanças!
Temos aqui uma cena de guerra primitiva extremamente brutal.
As consequências são muitas pessoas mortas de ambos os lados, mulheres raptadas e a tribo Neandertal expulsa de seu lar perseguida por lobos.
O Fogo Apagado
Sem o fogo, a tribo inteira foge para um pântano frio. Um guerreiro vive a tragédia de ter carregado o irmão ferido na batalha só para perceber que o irmão morreu.
Ao longe, um pouco de esperança com um sobrevivente que fugiu carregando o precioso fogo. O que ajuda a tornar a cena ainda mais tensa é o fato de que ele tem que levar o fogo de volta a tribo nadando pelas águas do pântano.
Eles precisam fazer de tudo para o fogo não se apagar. Mas com o tempo frio e molhado do pântano, a tarefa é impossível.
Com o fogo apagado, toda a esperança morre. A menos que se saiba como fazer mais fogo. Porém, o conhecimento do fogo estava mais ligado a magia e ao misticismo. Ninguém sabia fazer o fogo. E sem o fogo, todos estavam condenados.
A Jornada
O velho pai então envia seu filho e dois guerreiros em uma jornada para buscar fogo em terras distantes para salvar a tribo.
E assim, os três personagens sem nomes definidos embarcam em uma primitiva versão da Jornada do Herói.
O primeiro perigo que encontram são leões dentes de sabre. E sim, a equipe do filme realmente maquiou leões com grandes dentes de sabre! O que ficou muito bom!
Os leões perseguem os três guerreiros que precisam subir em uma árvore para escapar da fome dos bichos. Passando um dia inteiro na situação até os bichos desistirem.
Onde há fumaça
Os três conseguem encontrar vestígios de fumaça no meio da floresta e vão devagar observando quem fez a fogueira. Acabam encontrando os restos de uma fogueira ainda quente e até com resto de comida!
Porém, a alegria dura pouco quando percebem que a fogueira continha restos humanos. Uma fogueira maldita!
Mesmo assim, eles não podem desistir de ir atrás dos responsáveis pela fogueira. As vidas de sua tribo dependiam deles.
Uma das táticas usadas pelos três é retirar a pele fresca de um animal que estava sendo devorado por abutres. Essa pele com cheiro forte permitiu que eles chegassem perto da fogueira e olhassem o povo que a montou. Uma tribo canibal com dois prisioneiros montava acampamento com a fogueira. Os prisioneiros possuem pintura corporal igual, uma tribo atacada e prisioneiros devorados.
Fogo!
A sequencia a seguir mostra os Neandertais planejando e executando uma ação interessante. Os dois guerreiros deveriam chamar a atenção de toda a tribo fazendo muito barulho e saindo correndo.
Com toda a tribo saindo correndo atrás dos dois Neandertais, só resta ao líder invadir o acampamento para roubar o fogo. Mas não sem enfrentar o guerreiro canibal mais forte.
O combate é rápido e brutal.
O jovem guerreiro consegue vencer a luta e recuperar o fogo. Mas foi ferido gravemente.
Mesmo assim, outro detalhe é o fato de que os prisioneiros também escaparam.
O pinto do guerreiro
Durante o combate com os canibais, um dos momentos mais estranhos da luta foi quando o líder dos Neandertais recebeu uma mordida no pinto! Sim! Uma mordida infeccionada e humilhante no pênis!
Por sorte, a prisioneira que se libertou conhece algo mágico que ele não sabe explicar. O conceito de medicina! Ela conhece certas ervas e seus efeitos. E prepara ervas capazes de ajudar o jovem guerreiro.
Valendo explicar. A prisioneira é interpretada pela talentosa atriz Rae Dawn Chong que roubava a cena em Comando para Matar com o Arnoldão!
E a cena que mostra ela tratando o ferimento do jovem guerreiro é de um humor sem nenhuma pretensão. Assim, ela se junta a jornada do grupo.
Mamutes
Depois de conseguir o fogo, de se curar da ferida na giromba e salvar a prisioneira. Os três guerreiros resolvem fazer uma festa neandertal dançando a noite em volta da fogueira!
Infelizmente a fogueira a noite pode ser vista de muito longe e os inimigos do grupo preparam uma emboscada.
O dia amanhece e nossos heróis estão cercados pelos canibais. Tudo parecia perdido, nossos heróis iriam ser mortos e devorados por canibais.
Mas é então que aparecem os matutes ex machina!
Os mamutes aparecem de longe e são basicamente elefantes maquiados com pelagem.
Durante o encontro, o jovem guerreiro Neandertal faz o impensável. Recolhe um pouco de grama e dá para a matriarca dos mamutes!
E assim, os mamutes decidem proteger os aventureiros!
O Respeito às Mulheres
Todos os meus 5 leitores sabem como adoro falar sobre o fato de que filmes machistas são os que realmente respeitam as mulheres! Isso ocorre quando o macho toma atitudes de responsabilidade pelo bem estar delas.
No caso, durante a noite o Neandertal interpretado por Ron Pearlman tenta fazer um sexo com a pobre moça. A moça reage a sua tentativa de meter gostoso e Ron tenta forçar o sexo. Coisa que já tinha sido mostrada no filme com a cena do tarado do riacho, onde tarados das cavernas podem atacas pobres barangas das cavernas para meter gostoso sem nenhum pudor ou consentimento.
A moça então pede ajuda ao herói deste filme. Que ameaça resolver tudo civilizadamente na porradaria com Ron e em seguida faz sexo das cavernas com a moça. Vejam bem. A cena é de sexo forçado com a pobre moça e isso é sempre errado. Porém, a moça ainda fica junto dos guerreiros formando um casal com o herói. O contexto do filme é de 80.000 anos atrás na pré-história onde não existia moral, ética ou mimimi.
Ika volta pra casa
Como o filme literalmente não tem diálogos, no máximo, os personagens até podem falar, mas não é para ninguém entender mesmo. Então os nomes dos personagens só podem ser vistos nos créditos finais do filme. O nome da moça é simplesmente Ika. E ela demonstra querer voltar para casa. Para a sua tribo de onde foi tirada.
Ela tenta conversar com os guerreiros sem sucesso. E por fim, decide fugir a noite enquanto eles dormem. Ika volta para a sua tribo seguindo os mesmos ventos que guiam os pássaros.
Um jovem apaixonado
Com a partida da jovem Ika, o herói deste filme decide então ir atrás dela em uma sequencia que mostra o quanto ele gostou de estar com ela.
E essa nova jornada mostra algo interessante para ser falado em escolas. Ika sabe o caminho de casa por seguir aves migratórias. E agora nossos guerreiros fazem o mesmo na busca por Ika. Uma cena interessante mostra o encontro que os Neandertais tem como nada menos que uma cabana feita de pele de animais, ossos, gravetos, barro e cordas!
O herói do filme nunca viu algo parecido!
Um detalhe também mostrado é o primeiro contato dele com cerâmica ao encontrar uma garrafa feita de barro. A sutil diferença entre Neandertal que vivem nas cavernas e Homens modernos que constroem ferramentas, cabanas e até cerâmica.
É bom explicar para interesse de estudo. Tribos de Neandertais também sabiam construir ferramentas, armas, cabanas e cerâmicas. Porém, nem todas as tribos sabiam fazer essas coisas ou mesmo compartilhavam conhecimentos.
Capturado e Salvo
Ao chegar na aldeia de Ika, o herói do filme tenta se aproximar na maciota até que cai em uma armadilha natural de pântano. Estando preso até o queixo na água, tentou chamar os companheiros para ajudar. Mas é descoberto pela tribo Homo Sapiens de Ika.
O encontro do herói com a tribo de Ika é de uma recepção onde apenas querem matar o intruso com seus dardos. Para isso, é mostrado no filme uma das mais antigas e importantes invenções da pré-história, o atlatl, também chamado de propulsor. Esse invento possui diferentes nomes em cada cultura. Se baseia em um pedaço de madeira que é utilizado para atirar lanças de arremesso com muita precisão. Vou explicar com mais calma mais tarde.
Mesmo com todas as lanças de arremesso sendo jogadas contra o herói do filme, Ika ainda assim consegue falar com os outros de sua tribo para que ele seja resgatado depois de levar uma única pedrada na cabeça!
O fruto e o conhecimento
Vivo, o herói é examinado. E se tratando de um guerreiro distante, deverá fazer parte de um ritual para obter o conhecimento da tribo! Ele foi limpo, alimentado e preparado para fazer o necessário.
No ritual, ele é deixado na cabana com alimento e uma cama feita de folhas macias com bom cheiro. E então, uma linda gordinha entra para se deitar nas folhas. Em seguida, o patriarca da tribo faz o rito cerimonial sagrado na sua própria língua. O que causa confusão no herói pelo fato de que ele não entende tal língua.
Mas a mensagem do patriarca é clara. Tem que meter gostoso na gordinha!
Mesmo confuso, o herói vai percebendo aos poucos que a gordinha ficou de quatro enquanto o patriarca faz um barulho ritual com uma vara. Até o herói finalmente entender que deve meter a vara na gordinha! Para a alegria de toda a tribo, inclusive das próximas quatro gordinhas na fila para meter gostoso. Mas não muito bom para Ika.
Ika até mesmo entra na tenda depois que todos estão dormindo, mas é expulsa pelo patriarca. Mas mesmo assim, podemos ver no outro dia o modo como ela e o herói se olham. É o amor e carinho.
A arte de fazer fogo
A tribo de Ika, formada de homens modernos, possui tecnologia que o herói do filme nunca viu. E a troca para ele ter todo esse conhecimento é deixar a sua semente nas cinco musas gordinhas da tribo.
Parece loucura, mas isso evita que a tribo venha a gerar crianças de relacionamentos incestuosos e garante filhos de um guerreiro. Coisa que fortalece a tribo!
E em troca, o herói do filme é levado para uma caverna para aprender o segredo de como fazer fogo! Sim, o fogo pode ser conseguido através de fazer fricção de dois gravetos para se conseguir o calor e depois alimentar o fogo com palha quente! Uma descoberta que faz a diferença entre a vida e a morte em um mundo pré histórico!
Uma lágrima de felicidade sincera desce do rosto do herói.
Com o tempo e o conhecimento, o herói aprende coisas que levará para sua tribo.
Mas para isso, seus amigos precisam levar ele de volta. Eles também encontram a tribo de Ika, também caem na armadilha da areia movediça e também são resgatados. Mas a noite eles precisam levar o jovem guerreiro de volta para casa. Mesmo que precisem dar uma porrada na sua cabeça. Iniciando a jornada de volta pra casa.
Sexo pela frente e outras tecnologias modernas
A jornada para casa possui elementos tão interessantes quanto a mitologia antiga de Prometeus. Se Prometeus teve em sua história o destino de roubar o fogo dos deuses e entregar aos homens. Em A Guerra do Fogo, nosso herói sem nome sai na jornada do Fogo para descobrir seu segredo, assim como trazer novas tecnologias como o atlatl e o sexo pela frente que aprende com Ika.
Existe uma sequencia até bonita mostrando como o guerreiro e Ika chegam ao sexo pela frente para expressar o quanto se gostam.
Mas a sequencia que importa é o fato do grupo encontrar inimigos humanos em sua jornada para casa. Mostrando exatamente a diferença entre o uso das lanças e os dardos.
No confronto com seus inimigos, as lanças tem seu alcance limitado na hora de jogar. Ao contrário dos dardos antigos que são mais leves e podem ser jogados ao dobro de distancia com a utilização do atlatl. É mostrado uma distancia de bons 20 a 30 metros com os dardos sendo jogados com ótima pontaria! Uma grande vitória!
A Volta pra casa
Voltando para casa com o fogo, as vitórias, a tecnologia do atlatl e Ika. A felicidade da tribo dura pouco por causa do pateta da tribo, que consegue apagar o fogo ao cair no pântano.
Uma tragédia, não?
Mas a jornada foi justamente o conhecimento de como se fazer fogo. O herói deste filme mostrou que sabe fazer o fogo!
E com isso, a noite termina justamente em fogueira, churrasco e histórias!
Um bom final de história
Por Marcio Strzalkowski
Força e Honra!
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